sexta-feira, 6 de agosto de 2010


o uso da máscara para o treinamento do ator, através da associação de atores Dupla Face de teatro.

Nilton santos

Apresentação

O costume da máscara no teatro é uma exercício utilizado desde o surgimento da arte teatral na Grécia clássica. Na história do teatro ela ganhou funções diferentes. No século XVI, na commedia dell’arte, ela vai aparecer como um artifício de comicidade para um tipo fixo de personagem demandando cabal gesto e corporeidade. Na commedia dell’arte o ator desenvolveu técnicas de utilização da máscara e modo de amoldar o corpo para uso dela.

Diversos experimentos do uso da máscara desenvolvidas na commedia dell’arte foram transmitidas por hereditariedade nos grupos de natureza familiar e foram se transformando no decorrer do tempo em relação com expressão cênica de cada período e espaço. Por muito tempo as companhias guardavam a segredos seus roteiros e seus exercícios.

A partir da existência destas técnicas para o contexto da arte teatral surgiu a vontade de investigar a energia da máscara a partir do jogo de regra e improvisação para a criação de roteiros cômicos, e como o treinamento do ator se daria em relação gestualidade utilizada com a máscara.. A partir disto algumas questões que aponta para o trabalho do ator na visualidade do tipo fixo vieram a tona. E o interesse para a pesquisa foi necessário, para elaborar um trabalho de treinamento mais próximo do campo cômico. E fazendo uso de roteiros da commedia dell’arte foi perguntado ate que pontos a improvisação fornecem elementos práticos para a construção da cena e do tipo do personagem mascarado. A que caráter o emprego da expressão fixa e moldada favorece a postura expressiva do ator diante do gesto na cena contemporânea? E como um roteiro favorece uma construção dramatúrgica cômica por meio dos atores?; Como resignificar a cena a partir do compor em conjunto?.

A proposta desta pesquisa é utilizar elementos da comedia dell’arte em adaptação com jogos de improviso, baseado na própria energia do oficio de comediante. Nesta ocasião de presunção de técnicas da commedia dell’arte, a partir do momento em que são resignificadas para o contexto atual, resultam para uma construção dramatúrgica e cênica. Quanto o aspecto da improvisação, não exclui a possibilidade de cristalizar uma narrativa fixa. O treinamento do ator visto, pela visualidade da mascara da commedia dell’arte, é o pressuposto para a criação e trabalho dramaturgico da Companhia Dupla Face de Teatro, com o espetáculo: As aparências enganam.

Justificativa

Na contemporaneidade, se tem feito muito pouco uso da máscara. Existe um certo receio com relação ao costume da máscara no palco. Ao falar da máscara e da commedia dell’arte, não se pode tratar como um fenômeno incrustado na historia das artes cênicas. O trabalho do ator a partir do treinamento com mascará deve ser de caráter corporal e de exploração da expressividade cômica., pois este, ao ter em sua carreira artística uma experiência com máscara, igualmente terá como referencial um treinamento de intenso procedimento teatral.

Dessa forma, a pesquisa em torno das técnicas de utilização da máscara. contribui para a construção de espetáculos cômicos com alinho dramatúrgico e cênico, visto que este gênero dramático vem sendo tratado com tanto desleixo e descaso

Objetivos

Geral:

· Investigar o treinamento do ator a partir das técnicas de utilização da máscara da commédia dell’arte, através da Compahia Dupla Face de Teatro, e como as máscaras fornecem possibilidades para a criação cômica.

  • Específicos:

  • Estudar o comportamento do corpo diante a manipulação das máscaras;
  • Compreender o uso de jogos para a criação de roteiros cômicos.

· Entender como o roteiro, oferece a possibilidade de improvisação, a partir da construção do tipo.

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Fundamentação Teórica

O trabalho com a máscara teatral não compreende apenas o ato de cobrir o rosto substituindo o trabalho do ator. Há uma ligação forte entre o ator e a mascara já que a mesma não pode viver sozinha. A natureza da máscara ou a dizer de sua fisionomia é um surgimento de linhas de forças que produzem seu sentido de vida. Cada traço, relevo - todo seu feitio - definem características relacionadas a um peso, uma idade, um ritmo, um comportamento. Sugerem um estilo de jogo com qualidade de energia específica. Propõem um estado de representação - apenas sendo possível vivê-lo diante de um pleno comprometimento físico do ator, imerso em um processo dinâmico inerente à Máscara.
Segundo Alonso Bivar do grupo Moitará é importante o ator conhecê-la em todos os seus detalhes, desenvolvendo uma verdadeira amizade, relacionando-se com todos seus sentidos.
A linguagem da Máscara é feita de luz e sombra, de sons fortes e suaves, de silêncio, de movimentos e pausas, harmoniosamente contrapostos.

Na experimentação da mascara na relação do jogo é primeiro antes de tudo conhecer o tipo de máscara a qual o ator tem em mãos, logo depois vestir esta mascara pensando na energia que ela oferece, segundo o seu feitio físico. O trabalho explorados por nós, partiu primeiramente para o uso da mascara, tentando explorar o máxima de movimento que aquela mascara propunha. Nesta etapa testamos as mascaras abaixo

Máscaras Larvárias

São rostos inacabados, formas simplificadas da figura humana, que remetem ao primeiro estado dos insetos. Fazem parte do grupo de Máscaras inteiras e silenciosas, que não permitem a voz mas exprimem a essência da palavra falada através das ações. Têm um jogo largo, normalmente orientado pelo nariz. O movimento que esta mascara pede é uma qualidade mais energética, pois o rosto do ator fica completamente isolado, e muitas vezes o tamanho da mascara ultrapassa a cabeça.

Máscara Neutra
A Neutra é uma Máscara de fisionomia simples e simétrica, sem conflitos, que propõe ao ator ampliar todos os seus sentidos. Através do silêncio ela se relaciona com todo o universo presente. A Máscara Neutra não é um personagem, é um estado que se apóia na calma e na percepção, fontes de vida para todas as outras Máscaras. Através dela o ator entende o que é um corpo decidido, presente, vivo dentro de um estado de representação, fora das convenções. fontes de vida para todas as outras Máscaras. Através dela o ator entende o que é um corpo decidido, presente, vivo dentro de um estado de representação, fora das convenções.

Máscaras Expressivas

São Máscaras de aparência mais elaboradas, com definições de caráter, que demonstram estados de ânimo. Pertencem à classe das Máscaras silenciosas, onde a palavra, por sua vez, está oculta na ação física do personagem. Seu jogo é meticuloso e objetivo, podendo ser enriquecido com a presença da contra- máscara, direção inversa ao caráter principal da Máscara.

Meias – Máscaras

São Máscaras falantes que cobrem somente a parte superior do rosto. Geralmente representam "tipos-fixos" , podendo condensar nelas vários personagens. Seu jogo propõe ao ator encontrar um corpo e uma voz que se ajustem ao propósito do personagem e da situação, levando o texto para além do habitual. São elas usadas para a commédia dell’art, sua figura é uma composição de um tipo humano com um traço de animal, que alias essa referencia do animal pode ajudar na pesquisa de personagem e na concepção do movimento

Máscara Abstrata

São máscaras inteiras de formas geométricas, sem menção animal ou humana, que propõe ao ator um jogo acrobático e abstrato criado a partir das linhas de força da máscara, relacionando-se com o espaço.

Commedia dell’arte

Alguns autores afirmam que Commedia dell’arte significa comédia de habilidade. Para BERTHOLD (2006, p.353) Commedia dell’arte quer dizer “(...) arte mimética segundo a inspiração do momento, improvisação ágil, rude, burlesca, jogo teatral primitivo tal como na Antiguidade os atelanos haviam apresentado em seus palcos itinerantes: o grotesco de tipos segundo esquemas básicos de conflitos humanos, demasiadamente humanos, a inesgotável, infinitamente variável e, em última análise, sempre inalterada matéria-prima dos comediantes no grande teatro do mundo.”

conceito de commedia dell’arte surgiu na Itália, no início do século XVI. Neste primeiro momento, o termo foi utilizado apenas para diferenciar um tipo de teatro frente à commedia erudita, comédia própria do teatro literário culto. Esta forma de teatro surge nas feiras, com os vendedores que possuíam um grande dom para apelação e com as pessoas que vendiam remédios que afirmavam ser milagrosos. Sobre a origem da commedia dell’arte, MAGALDI (1991, p. 26) afirma: “O reinado absoluto do ator confundiu-se com a Commedia dell’arte, que se afirmou do século XV ao XVII, na Itália, expandindo-se por toda a Europa e exercendo decisiva influência na posteridade.”

Os homens que usavam máscaras durante o carnaval não poderiam portar armas, pois acreditava-se que uma pessoa que utilizava uma máscara assumia uma outra identidade, libertando-se assim de sua responsabilidades.

A partir do final do século XVI A commedia dell’arte passou a ter uma estrutura profissional, a utilizar máscaras e lugares abertos para suas apresentações. De acordo com CARVALHO (1989, p. 41): “A palavra arte aparece aqui no sentido do ator de profissão, do ator de qualidade aprimorada, do ator especialista, diverso do diletante.” Na commedia dell’arte havia uma técnica de domínio artístico dos meios de expressão do corpo. Os seus atores possuíam um repertório de cenas prontas e modelos de situações e se utilizavam da adaptação espontânea da piada à situação do momento. Dessa forma, os atores da commedia dell’arte foram os primeiros atores profissionais. (AS QUASE PRETENDEMOS UTILIZAR, RESIGNIFICANDO-AS)

O ator tinha de ter corpo e mente muito bem preparados e dominar a arte do gesto e do movimento. Para CARVALHO (1989, p. 42): “Por tratar-se de uma comédia diferente da comédia escrita, somente os amadores excepcionalmente dotados para a improvisação poderão interpretar este gênero, já que por seus dons naturais serão considerados ‘hommes de l’art’.”

A inspiração para os artistas da commedia dell’arte estava na observação da vida do povo. Eles eram os artistas da improvisação e faziam uma contraposição ao teatro literário dos humanistas. No entanto, estes improvisos eram pautados em um roteiro que eles denominaram de Scenario ou soggeto. Além dos improvisos se utilizavam de lazzi – truques pré-armados ou repertório de tramas. De acordo com BERTHOLD (2006, p.353), “Os lazzi adquiriram uma função dramatúrgica e tornaram-se as principais atrações de determinados atores.”

A Igreja Católica proibiu os atores de usaram figurinos e máscaras, no entanto estes usaram da rebeldia e, por causa disto, muitos tiveram sua línguas cortadas. Era comum as apresentações aconteceram em festas e nos mercados das principais cidades italianas. Suas cenas eram centradas no homem, na mulher, nas ciências, expressando bem o ideal humanista. Costumavam caracterizar bem os tipos sociais da época, como o comerciante, o doutor, o capitão e o padre. Estes eram personagens fixos que se alternavam nas histórias. A trama quase sempre tinha como ponto central romances e intrigas da sociedade. Havia os personagens sérios, conhecidos como os Amorosos e os considerados ridículos, como os anciãos e bufões. Os atores da commedia dell’arte estavam decididos a fazer do teatro um empreendimento, por isso procuravam aperfeiçoar cada vez mais as performances dos personagens que representavam durante toda a vida.

Referências bibliográficas:

BARBA, Eugênio. A arte secreta do ator: dicionário de antropologia teatral. São Paulo: UNICAMP, 1995.

BERTHOLD, Margot. História mundial do teatro. 3 ed., São Paulo: Perspectiva, 2006.

FO, Dario. Manual mínimo do ator. 3 ed., São Paulo: Senac, 2004.

MINOIS, George. História do riso e do escárnio. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. 4 ed, São Paulo: Ática, 1991.

CHACRA, Sandra. Natureza e sentido da improvisação teatral. São Paulo: Perspectiva, 1991.

Referências programadas:

DUVIGNAUD, Jean. Sociologia do comediante. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1972.

Volume I, Serviço Nacional de Teatro (MEC), 1969.

KÜHNER, Maria Helena. Teatro popular: uma experiência.

SPOLIN, Viola. Jogos teatrais na sala de aula.

_____________. O jogo teatral no livro do diretor.

Um comentário:

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