sexta-feira, 6 de agosto de 2010


Análise textual: Maracatu Rural – o espetáculo como espaço Social

( NILTON SANTOS. JOÃO PESSOA, Dezembro de 2008.)

O referido trabalho é uma analise textual de um capitulo da obra Maracatu Rural – o espetáculo como espaço social, de autoria de Ana Valeria Vicente. Com o titulo: Povo, cultura popular, tradição invenção, a autora vai discutir a cultura popular em contraponto as idealizações que o termo folclore inscreve.

A autora observa que o termo de cultura popular e povo está ligado a um ideal fomentador durante a sociedade moderna e contemporânea, e que esta definição traz determinada delimitação, ao que é regional, popular em oposição a uma arte eleita, para isto Ana Valéria, vai tomar por base os estudos Jesus Martim-Barbero, para tratar nas diversas modificações que a cultura popular sofreu. Basta olhar para nossa contemporaneidade para vermos que estas modificações são evolutivas e sofrem influência de uma elite política.

A noção do Estado Moderno a partir das idéias iluministas, preservava e ordenava a natureza de civilização, orientada pela razão. A condição do trabalho advindo deste ideal filosófico, direcionado no projeto da urbe, norteou o sentido de abandono de raízes e tradições mais populares. Nesta inspiração a sociedade política principiou a vontade de preservar os símbolos e a essência de determinadas comunidades rurais, como também de estudar os efeitos do sinônimo “popular”. Segundo Ana Valéria (2005) esse processo ajudou a gerar uma difícil discursão sobre identidade nacional, pois a adoção do termo pode variar a genuinidade de um povo ou um afastamento da questão de modernização.

Ana Valeria discute o pensamento iluminista diante da possibilidade de desordem cível, que os pensadores do racionalismo empregavam na substancia que vem da formação do povo em natureza de multidão. Em tratados de nomenclatura de ordem política e social, a classificação popular para separar os campos de conhecimento por posições de erudições.

As visualidades da influência do romantismo e apontado pela a autora no quesito que coloca a arte do povo como original do homem, enaltecendo a valorização de domínio, criando a dualidade de seletivismo do que é do povo e que individuo elitizado. A postura romântica causou grande deformidades na idéia de popular, que este era desenhado como livre da influência moderna de um conceito de sociedade

No Brasil, o trabalho de pesquisa possuía por muito tempo a idéia de registro como meio de documentação de um tipo de cultura que estava morrendo em contato com o meio moderno, se pode encontrar este relato na dissertação de Ana Valéria Vicente; como também citações de Garcia Cancline que aponta para uma crise teórica que estudos folclóricos reagem ao processo de modernização embasadas por ordem econômica e ideológica subsidiaria.

É difícil pensar numa visão que estimule o pensamento popular como homogeneidade, mesmo para os defensores do termo, que não vêem ameaça no crescimento do capitalismo e da modernização. Por vezes é ignorado que a civilização dentro de sociedade civil e evolutiva e dinâmica. Muitas vezes aspectos políticos que desenham uma condição social menos favorecida são influenciados por uma elite convencionada a defender a pobreza. Remeto a questões de ordem governamental, onde a miséria é um retrato de um povo, como exemplo a seca nordestina, que além de ser um problema geográfico torna se a identidade de um povo forte.

Apesar da cultura popular seja um tema em discursão. Alguns destes segmentos, como a exemplo: “o artesanato chega a superar em questão financeira o índice mais alto no crescimento do produto interno bruto”( PEIXOTO. 2005.p.12)[1] por isso se deve perguntar por que o questionamento ainda gera polêmica quanto ao fator de rentabilidade econômica e artística.

Os processos sociais segundo ( VICENTE, 2005) no ultimo século cresceu satisfatoriamente no desígnio do entendimento histórico. A falta de documentação afetou bastante o desenvolvimento da pesquisa. Em muitos casos a pesquisa folclórica terminava tendo uma natureza de preservação cristalizadora. O século XX foi decisivo para o redirecionamento dessas correntes de estudos. com base nisto, a autora destaca os nomes de Mario de Andrade, Maria de Inês Ayala e entre outros constrói com pluralidade a pesquisa do Popular.

A designação do popular delimita a noção de poder e interesses. A partir do momento que não há um questionamento a idéia de convenção. E que a classe dominada, a transforma em praticas autônomas. Os fatos da ordem popular ainda tem esse ar romântico, hoje a cultura dita massa também é chamada por esse termo.

Valeria Vicente vem afirmar que o valor do popular não reside em sua autenticidade ou em sua beleza, mas em sua representatividade sociocultural. A partir disso, vejo, também, a inserção de cultura dita “massa” nesse meio de representatividade; e que os hábitos da sociedade no dia a dia, são responsáveis pela evolução da memória histórica, de um uso cultural. Para a autora a cultura popular tanto vincula pontos de vista e interesses de muitas classes.

No campo teórico o conceito de tradição é tido como um deixado, uma herança com sentido de imutabilidade, mas não é o que vemos nos últimos anos, onde as manifestações culturais vem respondendo algumas apontações mais hodiernas.

Quando se trata de mudanças estéticas dentro de uma cultura popular, pode se despertar em muitos defensores do folclore a quebra do ritual e a ruptura como puro, com as raízes de identidade cultural. Pouco a pouco percebemos que muitos folguedos e danças já sente a necessidade de recontextualizar para dias de hoje uma linguagem que dizia muito de uma época, com contextos bem próprios.

VICENTE(2005) Coloca em relato que o ideal moderno substituiu o misticismo pela a razão em favor da construção das cidades e da industria, sendo esse contexto o meio necessário para o desenvolvimento de culturas de massas. Outro ponto forte é opôs-moderno com suas vanguardas e sua comunicação global, padronizando uma maneira de pensar para muitas sociedades.

O maracatu pode ter se inserido mais próximo ao conceito romântico de preservar para não morrer em meio a devassidão do capitalismo. Que a autora coloca, a esta manifestação como um sentimento de pertencimento a algo maior que sua s vidas particulares, uma situação menos rígida pela a lógica de mercado.

Quando Mario de Andrade fez seu itinerário pelo o Brasil documentado as danças dramáticas e a música, todos achavam que eram uma maneira de guardar em arquivo o que em gerações futuras estaria em extinção, passados 70 anos, de tal acontecimento ainda é possível encontrar descendentes de mestres desenvolvendo a continuidade daquela tradição. Por isso que estudiosos de sociologia defender que a cultura popular é evolutiva e automática, e que a sociedade vai dialogando com elementos tradicionais.

A autora cita a discursão de Homi K. Bhabha, assinalando a necessidade de a minoria disputar a hegemônica da sociedade através de sua manifestação, e que a tradição não seria a tentativa de restabelecer valores perdidos, mais a inserção desta minoria na organização social.

É importante compreender a tradição não apenas como esse deixado, essa herança de mestre para descendentes, mas como uma manifestação de uma parte da sociedade que vive as diferenças sociais dentro de um espaço inventado e eleito por um povo. Uma tradição na cultura popular em eminente construção de um espaço social .

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Referencias.

PEIXOTO, Tarcisio.Revista do Artesanato., São Paulo, Ed. Senac 2008

VICENTE, Ana Valéria. Maracatu rural – O espetáculo como espaço social. Recife, Reviva, 2005


[1] PEIXOTO, Tarcisio. In Revista do Artesanato. Ed senac, São Paulo, 2008.

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