quinta-feira, 11 de novembro de 2010


O Gato Baltazar

e a Estrela Zanzibar

O espetáculo é de autoria da escritora

infantil: Lourdes Santos. Uma Apaixonante

história do gato Baltazar que tenta ir em buscar

do seu grande amor: Zanzibar uma estrela

cósmica. Desta maneira enfrenta os maiores

obstáculos .

O gato Baltazar após varias noites

olhando o céu descobre uma estrela com um

brilho intenso e se apaixona por ela. Recebendo

ajuda de um anjo, decide ir a Nasa, na intenção

de ser transportado numa nave em direção ao

espaço.

No caminho desta aventura Baltazar vai

encontrar uma gata cantora que pretende ser

estrela de tv, mais não sabe como chegar no

sucesso. Ao tentar ajudar a gata, Baltazar vai se

meter nas mais complicadas aventuras.

Sinopse

texto:

Lourdes Santos

Direção:

Nilton Santos

Elenco:

Ednaldo Silva

Naira Cavalcante

Wallyson Rodrigues.

Antonio silva

duração: 45 min

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Da obra de Lourdes Santos e direção de Nilton Santos, o Gato Baltazar e a estrela Zanzibar é a mais nova montagem da associação de atores dupla face de teatro. O enredo conta a aventura do gato baltazar que apaixonado por uma estrela cósmica, resolve ir a nasa para viajar ao espaço. por ironia do destino baltazar encontrar no seu caminho uma gata estrela de tv, surgindo nova amizade entre os dois. para aguçar o conflito, um cientista maluco com sua poderosa máquina transplantadora resolver se apoderar dos gatos para testar seu invento

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Exercícios de Grammelot para nortear o trabalho cômico

por Nilton Santos

Segundo Dario Fo a palavra Grammelot é origem francesa inventada usada, pelos cômicos dell’arte e mais tarde italianizada pelos venezianos. Não possui significado intrínseco, sua mistura de sons sugere um discurso. “ trata-se portanto de um jogo onomatopéico, articulado com arbitrariedade, mas capaz de transmitir, com acréscimo de gestos, ritmos e sonoridades, um discurso completo( Fo, 2004, p.97) se pode articular inúmeras estruturas de vernáculos, com base em idiomas para compor o jogo cômico. A seguir segue alguns exercícios que foram baseados na experiência de Dario Fo em suas descrições com espetáculos, que tinha o Grammelot com base.

  • Substituição da voz tradicional, pelo Grammelot: o ator substitui do texto todas as palavras discursivas por palavras articuladas com vernáculos desarticulados, mantém o tom da voz o gesto da ação e tenta não falar gaguejando, pois quebrará a energia de uma comunicação. Nisto precisará usar o corpo para dar ênfase a ações.
  • Gesto conjunto com voz: Inicia a demonstração com gestos diminutos e num tom de conversação familiar. O ritmo e a incisividade vão crescendo progressivamente. As instruções são comentadas por esbanjamento. Amplia a gestualidade. Passa rapidamente de um enquadramento para outro. Acerela a progressão dramática, elevando o tom da voz

Exercícios com objetos imaginários – uma tentativa de desarticular e descompor o corpo cotidiano.

por Nilton Santos

Para estes exercícios tomamos como sugestão experimentos propostos por Dario Fo, em seu livro: Manual Mínimo do Ator. Segundo Dario Fo todo ator que pretenda trabalhar com mimo, deve antes de tudo treinar o corpo com visualidades de objetos imaginários, dessa forma o artista deverá coordenar os movimentos para descobrir gestos e maneiras que desperte a natureza dos músculos, articulações e apoios que normalmente não são usados no cotidiano. Fo (2004) chama este tipo de exercício de “sobregesto” e afirma que estes gestos permitem dar clareza e determinar o estilo do próprio gesto, amplificando e afastando do banal. A seguir descreveremos alguns desses exercícios que Fo aconselha, os atores a treinar em favor de sua arte teatral.

  • Pontos Fixos: o ator imagina uma parede, onde vai espalmar sua natureza, pra frente e para trás, como se estivesse com as mãos apoiadas em um vidro; em seguida, percorre a parede tateando o vidro; por vezes ao ator-mimico imagina cantos nas dimensões dessa parede imaginaria. Em seguida o ator estende-se as mãos acima da cabeça, indicando a presença de um teto. Logo mais se pode brincar com os níveis desse teto, imaginando-o que ele esta baixando, prestes a esmagar a bacia e as pernas e assim o ator poderá vivenciar modificações na postura corporal.

  • Cabo: com uma corda real se inicia uma tentativa de puxões, onde a corda tem uma extremidade presa, uma serie de puxões é efetuado no intuito de estimular o tronco. A próxima etapa desse experimento é eliminar a corda real por uma imaginaria Assim Fo (2004) vai nos dizer: “quando traciono uma corda inexistente, preciso me desarticular por inteiro. Em primeiro lugar, coloco em evidencia o descolamento do ombro, trazendo para frente na direção da corda” (Fo, 2004, p.271) conforme o esforço vamos modificar a movimentação de cada músculo do corpo. Ainda se podem variar as posições dos puxões, quanto maior for o esforço do aplique da força será maior, a noção de tração.

  • Garrafa: o ator manipula uma garrafa de água imaginaria e enche um copo imaginário. Neste exerciocioa atenção é o ponto forte de todo processo, pois uma manipulação na muito observada, pode comprometer a natureza do objeto, a esse exemplo Fo nos diz que se aproximamos muito uma garrafa do copo, poderá um ou outro esmagar o desemho imaginado quebrando a tentativa de Ilusão.

  • Caminhada sem sair do lugar: Se desliza o pé esquerdo, Enquanto se apóia alternadamente o calcanhar e a ponta do pé direito, em seguida se desliza o direito. Ainda se pode levante cada pé por vezes como se estivesse subindo uma escada.

Análise textual: Maracatu Rural – o espetáculo como espaço Social

( NILTON SANTOS. JOÃO PESSOA, Dezembro de 2008.)

O referido trabalho é uma analise textual de um capitulo da obra Maracatu Rural – o espetáculo como espaço social, de autoria de Ana Valeria Vicente. Com o titulo: Povo, cultura popular, tradição invenção, a autora vai discutir a cultura popular em contraponto as idealizações que o termo folclore inscreve.

A autora observa que o termo de cultura popular e povo está ligado a um ideal fomentador durante a sociedade moderna e contemporânea, e que esta definição traz determinada delimitação, ao que é regional, popular em oposição a uma arte eleita, para isto Ana Valéria, vai tomar por base os estudos Jesus Martim-Barbero, para tratar nas diversas modificações que a cultura popular sofreu. Basta olhar para nossa contemporaneidade para vermos que estas modificações são evolutivas e sofrem influência de uma elite política.

A noção do Estado Moderno a partir das idéias iluministas, preservava e ordenava a natureza de civilização, orientada pela razão. A condição do trabalho advindo deste ideal filosófico, direcionado no projeto da urbe, norteou o sentido de abandono de raízes e tradições mais populares. Nesta inspiração a sociedade política principiou a vontade de preservar os símbolos e a essência de determinadas comunidades rurais, como também de estudar os efeitos do sinônimo “popular”. Segundo Ana Valéria (2005) esse processo ajudou a gerar uma difícil discursão sobre identidade nacional, pois a adoção do termo pode variar a genuinidade de um povo ou um afastamento da questão de modernização.

Ana Valeria discute o pensamento iluminista diante da possibilidade de desordem cível, que os pensadores do racionalismo empregavam na substancia que vem da formação do povo em natureza de multidão. Em tratados de nomenclatura de ordem política e social, a classificação popular para separar os campos de conhecimento por posições de erudições.

As visualidades da influência do romantismo e apontado pela a autora no quesito que coloca a arte do povo como original do homem, enaltecendo a valorização de domínio, criando a dualidade de seletivismo do que é do povo e que individuo elitizado. A postura romântica causou grande deformidades na idéia de popular, que este era desenhado como livre da influência moderna de um conceito de sociedade

No Brasil, o trabalho de pesquisa possuía por muito tempo a idéia de registro como meio de documentação de um tipo de cultura que estava morrendo em contato com o meio moderno, se pode encontrar este relato na dissertação de Ana Valéria Vicente; como também citações de Garcia Cancline que aponta para uma crise teórica que estudos folclóricos reagem ao processo de modernização embasadas por ordem econômica e ideológica subsidiaria.

É difícil pensar numa visão que estimule o pensamento popular como homogeneidade, mesmo para os defensores do termo, que não vêem ameaça no crescimento do capitalismo e da modernização. Por vezes é ignorado que a civilização dentro de sociedade civil e evolutiva e dinâmica. Muitas vezes aspectos políticos que desenham uma condição social menos favorecida são influenciados por uma elite convencionada a defender a pobreza. Remeto a questões de ordem governamental, onde a miséria é um retrato de um povo, como exemplo a seca nordestina, que além de ser um problema geográfico torna se a identidade de um povo forte.

Apesar da cultura popular seja um tema em discursão. Alguns destes segmentos, como a exemplo: “o artesanato chega a superar em questão financeira o índice mais alto no crescimento do produto interno bruto”( PEIXOTO. 2005.p.12)[1] por isso se deve perguntar por que o questionamento ainda gera polêmica quanto ao fator de rentabilidade econômica e artística.

Os processos sociais segundo ( VICENTE, 2005) no ultimo século cresceu satisfatoriamente no desígnio do entendimento histórico. A falta de documentação afetou bastante o desenvolvimento da pesquisa. Em muitos casos a pesquisa folclórica terminava tendo uma natureza de preservação cristalizadora. O século XX foi decisivo para o redirecionamento dessas correntes de estudos. com base nisto, a autora destaca os nomes de Mario de Andrade, Maria de Inês Ayala e entre outros constrói com pluralidade a pesquisa do Popular.

A designação do popular delimita a noção de poder e interesses. A partir do momento que não há um questionamento a idéia de convenção. E que a classe dominada, a transforma em praticas autônomas. Os fatos da ordem popular ainda tem esse ar romântico, hoje a cultura dita massa também é chamada por esse termo.

Valeria Vicente vem afirmar que o valor do popular não reside em sua autenticidade ou em sua beleza, mas em sua representatividade sociocultural. A partir disso, vejo, também, a inserção de cultura dita “massa” nesse meio de representatividade; e que os hábitos da sociedade no dia a dia, são responsáveis pela evolução da memória histórica, de um uso cultural. Para a autora a cultura popular tanto vincula pontos de vista e interesses de muitas classes.

No campo teórico o conceito de tradição é tido como um deixado, uma herança com sentido de imutabilidade, mas não é o que vemos nos últimos anos, onde as manifestações culturais vem respondendo algumas apontações mais hodiernas.

Quando se trata de mudanças estéticas dentro de uma cultura popular, pode se despertar em muitos defensores do folclore a quebra do ritual e a ruptura como puro, com as raízes de identidade cultural. Pouco a pouco percebemos que muitos folguedos e danças já sente a necessidade de recontextualizar para dias de hoje uma linguagem que dizia muito de uma época, com contextos bem próprios.

VICENTE(2005) Coloca em relato que o ideal moderno substituiu o misticismo pela a razão em favor da construção das cidades e da industria, sendo esse contexto o meio necessário para o desenvolvimento de culturas de massas. Outro ponto forte é opôs-moderno com suas vanguardas e sua comunicação global, padronizando uma maneira de pensar para muitas sociedades.

O maracatu pode ter se inserido mais próximo ao conceito romântico de preservar para não morrer em meio a devassidão do capitalismo. Que a autora coloca, a esta manifestação como um sentimento de pertencimento a algo maior que sua s vidas particulares, uma situação menos rígida pela a lógica de mercado.

Quando Mario de Andrade fez seu itinerário pelo o Brasil documentado as danças dramáticas e a música, todos achavam que eram uma maneira de guardar em arquivo o que em gerações futuras estaria em extinção, passados 70 anos, de tal acontecimento ainda é possível encontrar descendentes de mestres desenvolvendo a continuidade daquela tradição. Por isso que estudiosos de sociologia defender que a cultura popular é evolutiva e automática, e que a sociedade vai dialogando com elementos tradicionais.

A autora cita a discursão de Homi K. Bhabha, assinalando a necessidade de a minoria disputar a hegemônica da sociedade através de sua manifestação, e que a tradição não seria a tentativa de restabelecer valores perdidos, mais a inserção desta minoria na organização social.

É importante compreender a tradição não apenas como esse deixado, essa herança de mestre para descendentes, mas como uma manifestação de uma parte da sociedade que vive as diferenças sociais dentro de um espaço inventado e eleito por um povo. Uma tradição na cultura popular em eminente construção de um espaço social .

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Referencias.

PEIXOTO, Tarcisio.Revista do Artesanato., São Paulo, Ed. Senac 2008

VICENTE, Ana Valéria. Maracatu rural – O espetáculo como espaço social. Recife, Reviva, 2005


[1] PEIXOTO, Tarcisio. In Revista do Artesanato. Ed senac, São Paulo, 2008.


o uso da máscara para o treinamento do ator, através da associação de atores Dupla Face de teatro.

Nilton santos

Apresentação

O costume da máscara no teatro é uma exercício utilizado desde o surgimento da arte teatral na Grécia clássica. Na história do teatro ela ganhou funções diferentes. No século XVI, na commedia dell’arte, ela vai aparecer como um artifício de comicidade para um tipo fixo de personagem demandando cabal gesto e corporeidade. Na commedia dell’arte o ator desenvolveu técnicas de utilização da máscara e modo de amoldar o corpo para uso dela.

Diversos experimentos do uso da máscara desenvolvidas na commedia dell’arte foram transmitidas por hereditariedade nos grupos de natureza familiar e foram se transformando no decorrer do tempo em relação com expressão cênica de cada período e espaço. Por muito tempo as companhias guardavam a segredos seus roteiros e seus exercícios.

A partir da existência destas técnicas para o contexto da arte teatral surgiu a vontade de investigar a energia da máscara a partir do jogo de regra e improvisação para a criação de roteiros cômicos, e como o treinamento do ator se daria em relação gestualidade utilizada com a máscara.. A partir disto algumas questões que aponta para o trabalho do ator na visualidade do tipo fixo vieram a tona. E o interesse para a pesquisa foi necessário, para elaborar um trabalho de treinamento mais próximo do campo cômico. E fazendo uso de roteiros da commedia dell’arte foi perguntado ate que pontos a improvisação fornecem elementos práticos para a construção da cena e do tipo do personagem mascarado. A que caráter o emprego da expressão fixa e moldada favorece a postura expressiva do ator diante do gesto na cena contemporânea? E como um roteiro favorece uma construção dramatúrgica cômica por meio dos atores?; Como resignificar a cena a partir do compor em conjunto?.

A proposta desta pesquisa é utilizar elementos da comedia dell’arte em adaptação com jogos de improviso, baseado na própria energia do oficio de comediante. Nesta ocasião de presunção de técnicas da commedia dell’arte, a partir do momento em que são resignificadas para o contexto atual, resultam para uma construção dramatúrgica e cênica. Quanto o aspecto da improvisação, não exclui a possibilidade de cristalizar uma narrativa fixa. O treinamento do ator visto, pela visualidade da mascara da commedia dell’arte, é o pressuposto para a criação e trabalho dramaturgico da Companhia Dupla Face de Teatro, com o espetáculo: As aparências enganam.

Justificativa

Na contemporaneidade, se tem feito muito pouco uso da máscara. Existe um certo receio com relação ao costume da máscara no palco. Ao falar da máscara e da commedia dell’arte, não se pode tratar como um fenômeno incrustado na historia das artes cênicas. O trabalho do ator a partir do treinamento com mascará deve ser de caráter corporal e de exploração da expressividade cômica., pois este, ao ter em sua carreira artística uma experiência com máscara, igualmente terá como referencial um treinamento de intenso procedimento teatral.

Dessa forma, a pesquisa em torno das técnicas de utilização da máscara. contribui para a construção de espetáculos cômicos com alinho dramatúrgico e cênico, visto que este gênero dramático vem sendo tratado com tanto desleixo e descaso

Objetivos

Geral:

· Investigar o treinamento do ator a partir das técnicas de utilização da máscara da commédia dell’arte, através da Compahia Dupla Face de Teatro, e como as máscaras fornecem possibilidades para a criação cômica.

  • Específicos:

  • Estudar o comportamento do corpo diante a manipulação das máscaras;
  • Compreender o uso de jogos para a criação de roteiros cômicos.

· Entender como o roteiro, oferece a possibilidade de improvisação, a partir da construção do tipo.

·

Fundamentação Teórica

O trabalho com a máscara teatral não compreende apenas o ato de cobrir o rosto substituindo o trabalho do ator. Há uma ligação forte entre o ator e a mascara já que a mesma não pode viver sozinha. A natureza da máscara ou a dizer de sua fisionomia é um surgimento de linhas de forças que produzem seu sentido de vida. Cada traço, relevo - todo seu feitio - definem características relacionadas a um peso, uma idade, um ritmo, um comportamento. Sugerem um estilo de jogo com qualidade de energia específica. Propõem um estado de representação - apenas sendo possível vivê-lo diante de um pleno comprometimento físico do ator, imerso em um processo dinâmico inerente à Máscara.
Segundo Alonso Bivar do grupo Moitará é importante o ator conhecê-la em todos os seus detalhes, desenvolvendo uma verdadeira amizade, relacionando-se com todos seus sentidos.
A linguagem da Máscara é feita de luz e sombra, de sons fortes e suaves, de silêncio, de movimentos e pausas, harmoniosamente contrapostos.

Na experimentação da mascara na relação do jogo é primeiro antes de tudo conhecer o tipo de máscara a qual o ator tem em mãos, logo depois vestir esta mascara pensando na energia que ela oferece, segundo o seu feitio físico. O trabalho explorados por nós, partiu primeiramente para o uso da mascara, tentando explorar o máxima de movimento que aquela mascara propunha. Nesta etapa testamos as mascaras abaixo

Máscaras Larvárias

São rostos inacabados, formas simplificadas da figura humana, que remetem ao primeiro estado dos insetos. Fazem parte do grupo de Máscaras inteiras e silenciosas, que não permitem a voz mas exprimem a essência da palavra falada através das ações. Têm um jogo largo, normalmente orientado pelo nariz. O movimento que esta mascara pede é uma qualidade mais energética, pois o rosto do ator fica completamente isolado, e muitas vezes o tamanho da mascara ultrapassa a cabeça.

Máscara Neutra
A Neutra é uma Máscara de fisionomia simples e simétrica, sem conflitos, que propõe ao ator ampliar todos os seus sentidos. Através do silêncio ela se relaciona com todo o universo presente. A Máscara Neutra não é um personagem, é um estado que se apóia na calma e na percepção, fontes de vida para todas as outras Máscaras. Através dela o ator entende o que é um corpo decidido, presente, vivo dentro de um estado de representação, fora das convenções. fontes de vida para todas as outras Máscaras. Através dela o ator entende o que é um corpo decidido, presente, vivo dentro de um estado de representação, fora das convenções.

Máscaras Expressivas

São Máscaras de aparência mais elaboradas, com definições de caráter, que demonstram estados de ânimo. Pertencem à classe das Máscaras silenciosas, onde a palavra, por sua vez, está oculta na ação física do personagem. Seu jogo é meticuloso e objetivo, podendo ser enriquecido com a presença da contra- máscara, direção inversa ao caráter principal da Máscara.

Meias – Máscaras

São Máscaras falantes que cobrem somente a parte superior do rosto. Geralmente representam "tipos-fixos" , podendo condensar nelas vários personagens. Seu jogo propõe ao ator encontrar um corpo e uma voz que se ajustem ao propósito do personagem e da situação, levando o texto para além do habitual. São elas usadas para a commédia dell’art, sua figura é uma composição de um tipo humano com um traço de animal, que alias essa referencia do animal pode ajudar na pesquisa de personagem e na concepção do movimento

Máscara Abstrata

São máscaras inteiras de formas geométricas, sem menção animal ou humana, que propõe ao ator um jogo acrobático e abstrato criado a partir das linhas de força da máscara, relacionando-se com o espaço.

Commedia dell’arte

Alguns autores afirmam que Commedia dell’arte significa comédia de habilidade. Para BERTHOLD (2006, p.353) Commedia dell’arte quer dizer “(...) arte mimética segundo a inspiração do momento, improvisação ágil, rude, burlesca, jogo teatral primitivo tal como na Antiguidade os atelanos haviam apresentado em seus palcos itinerantes: o grotesco de tipos segundo esquemas básicos de conflitos humanos, demasiadamente humanos, a inesgotável, infinitamente variável e, em última análise, sempre inalterada matéria-prima dos comediantes no grande teatro do mundo.”

conceito de commedia dell’arte surgiu na Itália, no início do século XVI. Neste primeiro momento, o termo foi utilizado apenas para diferenciar um tipo de teatro frente à commedia erudita, comédia própria do teatro literário culto. Esta forma de teatro surge nas feiras, com os vendedores que possuíam um grande dom para apelação e com as pessoas que vendiam remédios que afirmavam ser milagrosos. Sobre a origem da commedia dell’arte, MAGALDI (1991, p. 26) afirma: “O reinado absoluto do ator confundiu-se com a Commedia dell’arte, que se afirmou do século XV ao XVII, na Itália, expandindo-se por toda a Europa e exercendo decisiva influência na posteridade.”

Os homens que usavam máscaras durante o carnaval não poderiam portar armas, pois acreditava-se que uma pessoa que utilizava uma máscara assumia uma outra identidade, libertando-se assim de sua responsabilidades.

A partir do final do século XVI A commedia dell’arte passou a ter uma estrutura profissional, a utilizar máscaras e lugares abertos para suas apresentações. De acordo com CARVALHO (1989, p. 41): “A palavra arte aparece aqui no sentido do ator de profissão, do ator de qualidade aprimorada, do ator especialista, diverso do diletante.” Na commedia dell’arte havia uma técnica de domínio artístico dos meios de expressão do corpo. Os seus atores possuíam um repertório de cenas prontas e modelos de situações e se utilizavam da adaptação espontânea da piada à situação do momento. Dessa forma, os atores da commedia dell’arte foram os primeiros atores profissionais. (AS QUASE PRETENDEMOS UTILIZAR, RESIGNIFICANDO-AS)

O ator tinha de ter corpo e mente muito bem preparados e dominar a arte do gesto e do movimento. Para CARVALHO (1989, p. 42): “Por tratar-se de uma comédia diferente da comédia escrita, somente os amadores excepcionalmente dotados para a improvisação poderão interpretar este gênero, já que por seus dons naturais serão considerados ‘hommes de l’art’.”

A inspiração para os artistas da commedia dell’arte estava na observação da vida do povo. Eles eram os artistas da improvisação e faziam uma contraposição ao teatro literário dos humanistas. No entanto, estes improvisos eram pautados em um roteiro que eles denominaram de Scenario ou soggeto. Além dos improvisos se utilizavam de lazzi – truques pré-armados ou repertório de tramas. De acordo com BERTHOLD (2006, p.353), “Os lazzi adquiriram uma função dramatúrgica e tornaram-se as principais atrações de determinados atores.”

A Igreja Católica proibiu os atores de usaram figurinos e máscaras, no entanto estes usaram da rebeldia e, por causa disto, muitos tiveram sua línguas cortadas. Era comum as apresentações aconteceram em festas e nos mercados das principais cidades italianas. Suas cenas eram centradas no homem, na mulher, nas ciências, expressando bem o ideal humanista. Costumavam caracterizar bem os tipos sociais da época, como o comerciante, o doutor, o capitão e o padre. Estes eram personagens fixos que se alternavam nas histórias. A trama quase sempre tinha como ponto central romances e intrigas da sociedade. Havia os personagens sérios, conhecidos como os Amorosos e os considerados ridículos, como os anciãos e bufões. Os atores da commedia dell’arte estavam decididos a fazer do teatro um empreendimento, por isso procuravam aperfeiçoar cada vez mais as performances dos personagens que representavam durante toda a vida.

Referências bibliográficas:

BARBA, Eugênio. A arte secreta do ator: dicionário de antropologia teatral. São Paulo: UNICAMP, 1995.

BERTHOLD, Margot. História mundial do teatro. 3 ed., São Paulo: Perspectiva, 2006.

FO, Dario. Manual mínimo do ator. 3 ed., São Paulo: Senac, 2004.

MINOIS, George. História do riso e do escárnio. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. 4 ed, São Paulo: Ática, 1991.

CHACRA, Sandra. Natureza e sentido da improvisação teatral. São Paulo: Perspectiva, 1991.

Referências programadas:

DUVIGNAUD, Jean. Sociologia do comediante. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1972.

Volume I, Serviço Nacional de Teatro (MEC), 1969.

KÜHNER, Maria Helena. Teatro popular: uma experiência.

SPOLIN, Viola. Jogos teatrais na sala de aula.

_____________. O jogo teatral no livro do diretor.


O trabalho com máscaras (Por Nilton Santos )

O trabalho com a máscara teatral não compreende apenas o ato de cobrir o rosto substituindo o trabalho do ator. Há uma ligação forte entre o ator e a mascara já que a mesma não pode viver sozinha

A natureza da máscara ou a dizer de sua fisionomia é um surgimento de linhas de forças que produzem seu sentido de vida. Cada traço, relevo - todo seu feitio - definem características relacionadas a um peso, uma idade, um ritmo, um comportamento. Sugerem um estilo de jogo com qualidade de energia específica. Propõem um estado de representação - apenas sendo possível vivê-lo diante de um pleno comprometimento físico do ator, imerso em um processo dinâmico inerente à Máscara.
Segundo Alonso Bivar do grupo Moitará é importante o ator conhecê-la em todos os seus detalhes, desenvolvendo uma verdadeira amizade, relacionando-se com todos seus sentidos.
A linguagem da Máscara é feita de luz e sombra, de sons fortes e suaves, de silêncio, de movimentos e pausas, harmoniosamente contrapostos.

Na experimentação da mascara na relação do jogo é primeiro antes de tudo conhecer o tipo de máscara a qual o ator tem em mãos, logo depois vestir esta mascara pensando na energia que ela oferece, segundo o seu feitio físico. O trabalho explorados por nós, partiu primeiramente para o uso da mascara, tentando explorar o máxima de movimento que aquela mascara propunha. Nesta etapa testamos as mascaras abaixo

Máscaras Larvárias

São rostos inacabados, formas simplificadas da figura humana, que remetem ao primeiro estado dos insetos. Fazem parte do grupo de Máscaras inteiras e silenciosas, que não permitem a voz mas exprimem a essência da palavra falada através das ações. Têm um jogo largo, normalmente orientado pelo nariz. O movimento que esta mascara pede é uma qualidade mais energética, pois o rosto do ator fica completamente isolado, e muitas vezes o tamanho da mascara ultrapassa a cabeça.

Máscara Neutra
A Neutra é uma Máscara de fisionomia simples e simétrica, sem conflitos, que propõe ao ator ampliar todos os seus sentidos. Através do silêncio ela se relaciona com todo o universo presente. A Máscara Neutra não é um personagem, é um estado que se apóia na calma e na percepção, fontes de vida para todas as outras Máscaras. Através dela o ator entende o que é um corpo decidido, presente, vivo dentro de um estado de representação, fora das convenções. fontes de vida para todas as outras Máscaras. Através dela o ator entende o que é um corpo decidido, presente, vivo dentro de um estado de representação, fora das convenções.

Máscaras Expressivas

São Máscaras de aparência mais elaboradas, com definições de caráter, que demonstram estados de ânimo. Pertencem à classe das Máscaras silenciosas, onde a palavra, por sua vez, está oculta na ação física do personagem. Seu jogo é meticuloso e objetivo, podendo ser enriquecido com a presença da contra- máscara, direção inversa ao caráter principal da Máscara.

Meias – Máscaras

São Máscaras falantes que cobrem somente a parte superior do rosto. Geralmente representam "tipos-fixos" , podendo condensar nelas vários personagens. Seu jogo propõe ao ator encontrar um corpo e uma voz que se ajustem ao propósito do personagem e da situação, levando o texto para além do habitual. São elas usadas para a commédia dell’art, sua figura é uma composição de um tipo humano com um traço de animal, que alias essa referencia do animal pode ajudar na pesquisa de personagem e na concepção do movimento

Máscara Abstrata

São máscaras inteiras de formas geométricas, sem menção animal ou humana, que propõe ao ator um jogo acrobático e abstrato criado a partir das linhas de força da máscara, relacionando-se com o espaço.

O TEATRO DE JOÃO CAETANO – A PRESENÇA DO ATOR NA CENA BRASILEIRA NO SÉCULO XIX

NILTON SANTOS. (JOAO PESSOA, FEVEREIRO DE 2009.)

APRESENTAÇÃO:

O presente artigo visa descrever a presença do ator na cena brasileira através da imagem de João Caetano. Primeiro vamos contextualizar a sua época como forma introdutória e logo mais fazer apontamentos biográficos na tentativa de descrever a personalidade de um dos maiores atores do teatro nacional.

O teatro brasileiro surgiu no século XVI quando o Brasil era colônia de Portugal. Os Jesuítas, com a finalidade de catequizar os índios, trouxeram não só a religião católica, mais também elementos culturais, como a literatura e o teatro. Aliada ao rito festivo e danças indígenas, o primeiro contato com o teatro que os brasileiros conheceram foi a dos portugueses, que tinha um caráter pedagógico baseado na Bíblia. Tendo, o maior responsável pela autoria das peças, o Padre Anchieta.

O teatro realmente nacional só veio se estabilizar em meados do século XIX, quando o Romantismo teve seu início. Gonçalves de Magalhães e Martins Pena foram precursores da dramaturgia nacional, este último através de suas comédias de costumes. Outros nomes de destaque da época foram: o dramaturgo Artur Azevedo, e, França Junior.

Até 1822, proclamação da independência, a maior referencia dramatúrgica era Gil Vicente, com seus autos e farsas. Assim sendo o teatro no Brasil era realizado nas igrejas. O eixo artístico estava limitado e submisso a determinada religiosidade. A partir do século XVII é vem se manifestar as primeiras publicações de um autor nacional, o poeta Manuel Botelho de Oliveira (Bahia, 1636-1711).e assim nos acrescenta Lafayete Silva:

“O que podemos notar neste século é a repercussão do teatro espanhol em nosso país, e a existência de um nome - ligado ao teatro - de destaque: Manuel Botelho. Ele foi o primeiro poeta brasileiro a ter suas obras publicadas, tendo escrito duas comédias em espanhol :Hay amigo para amigo e Amor, Enganos, Celos” (SILVA.1938. p.50)

Segundo Magaldi (1962) Foi somente em meados do século XVIII que as peças teatrais começaram a ser apresentadas com certa freqüência. Palcos eram montados em praças públicas como locais das representações, e, pôr vezes, o palácio de um ou outro governante. Nessa época, era forte a característica do elemento didático no teatro. E uma atividade tão instrutiva acabou pôr merecer ser presenteada com locais fixos para as peças: as chamadas Casas da Ópera ou Casas da Comédia, que começaram a se espalhar pelo país, principalmente com a chegada da família Real e a transferência da corte, assim Dom João Fez Surgir o Real Teatro São João que mais tarde seria chamado São Pedro de Alcântara.

Desta maneira Companhias vieram de Portugal para fixar sede no novo reino, e atores locais começaram a se juntar a essas companhias. Os repertórios eram todos estrangeiros, a declamação era em fora de cantina, e o sotaque era completamente português. A este exemplo figurava a Companhia Oficial do Teatro São Pedro de Alcântara, onde fazia parte o ator João Caetano que começaremos a falar daqui por diante e como se deu seu enaltecimento como ator e como empresário.

Nascido em 1808, na freguesia do sacramento. Em 1827 estréia seu primeiro trabalho para o teatro: O carpinteiro de Livonia. Tendo em sua adolescência o ingresso nas forças armadas imperiais, foi mandado para o sul do País, mais logo abandonou sua carreira para se dedicar à arte dramática. Em seu retorno para o Rio de Janeiro, é na cidade de São João do Itaboraí que João Caetano, mostra suas primeiras aptidões, junto ao teatro particular do senhor Coronel João Hilário de Meneses.

Depois de sua estréia em Itaboraí, João Caetano tomou parte da companhia oficial do Teatro São Pedro de Alcântara, inicialmente desempenhava papeis não muitos importantes, mas já despertava a visão do público para a composição de seus personagens. Na peça O Chapéu de Palha ainda desempenhando um papel muito pequeno, consegue alcançar reconhecimento de mérito, com o feito deste fato, seus companheiros de cena, começaram a demonstrar inveja, que segundo Lafayete Silva (1938) foi a causa de seu afastamento daquela companhia.

Após abandonar o teatro de São Pedro de Alcântara, organizou uma companhia, que faria uso de aluguel do Teatro Valongo, entretanto os artistas Portugueses, da companhia anterior, se mobilizaram contra a autonomia de Caetano, fazendo que o proprietário do teatro do Valongo, quebrasse o termo contratual.

João Caetano Passou pelas as cidades Mangaratiba e Angra dos Reis, tentando encontrar um lugar para sediar sua companhia, mas foi na cidade de Niterói, onde a 2 de dezembro de 1833, inaugurou os trabalhos de sua companhia, com a apresentação da peça: O Príncipe amante de Liberdade, ou a Independência da Escócia. Neste trabalho ganhou reconhecimento do publico e o fez a pensar comercialmente em manter uma companhia fixa.

Dez anos mais tarde veio a tomar contar da administração do teatro São Pedro. Antes desse acontecimento, vários fatores contribuíram para elevar sua gloria enquanto empresário: levou a palco o primeiro drama histórico nacional A inquisição e o Poeta, de autoria de Gonçalves de Magalhães de 1938, que relatava a vida de Antonio Jose, o judeu; fez circular sua companhia no teatro do Rocio, teatro São Januário, não mediando fronteira entre a capital e as cidades próximas, mais precisamente, Niterói. Neste mesmo ano, a quatro de outubro, foi representada pela primeira vez a comédia O juiz de paz da roça, de Martins Pena (1815-1848),. A peça foi o pontapé inicial para a consolidação da comédia de costumes como gênero favorito do público da época. As peças de Martins Pena estavam integradas ao Romantismo, portanto, eram bem recebidas pelo público, cansado do formalismo clássico anterior. O autor é considerado o verdadeiro fundador do teatro nacional, pela quantidade - em quase dez anos, escreveu 28 peças - e qualidade de sua produção. Sua obra, pela grande popularidade que atingiu.

Seu trabalho de ator e empresário começava a chamar a atenção, principalmente pela quebra do padrão do ator português nos palcos brasileiros, até então os atores lusitanos, tinham bastante notoriedade, pela influência da família imperial. Sua vontade teatral vez não só mudar o referencial do ator, como das próprias companhias, que eram todas com formação estrangeira. Sua interpretação era inovadora, e muitos escritores da época relataram sua figura como um homem de genialidade teatral, assim Lafayete Silva, nos fala da citação de Manuel Macedo:

“Era um jovem verdadeiramente elegante, cuja voz tinha poder da musica a exprimir sentimentos e a natureza lhe dera rosto realmente belo” olhos onde radiavam todas as paixões imaginarias. Boca formosa, dentes alvejantes, lindo corpo, perfeitamente talhado e esbelto, voz que era suave e insinuante em sereno sentimento, murmúrio de sonolento e arroio em doçuras, trovão terrível em tempestades de animo, mímica expressiva, músculos faciais trementes”. (MAGALDI. Apud. 1938.p.171)

A esse sentido Sábato Magaldi vem nos dizer em sua obra: Panorama do Teatro Brasileiro, que a declamação de João Caetano vem surpreender o publico da época, justamente pela diferenciação e reforma da arte dramática, “substituindo a monótona cantilena com que os atores recitavam seus papeis, pelo o novo método natural e expressivo, até então desconhecido (entre nós)” (MAGALDI. 1962. P.34)

A busca de uma expressão nacional no teatro se fez a partir do surgimento de dramaturgia mais geográfica, contendo fatores culturais e históricos do Brasil, assim Gonçalves de Magalhães projetou sua obra, como um neologismo na literatura nacional, que no teatro, teve sucesso com a intervenção dramática de Caetano. Como já possuía uma companhia formada por atores brasileiros desde 1833, João Caetano, construiu sua arte dramática próximo ao espírito de contestação de Magalhães.

João Caetano a partir de 1838, começo a circundar com mais freqüência as cidades menores do estado fluminense, onde sua carreira, viria a ganhar grande reconhecimento. Em 1841 montou Otelo, Hamlet,e a Gargalhada, sendo este ultimo texto de menor intensidade artística, mas de boa aceitação popular.

Por diversas vezes o ator sofreu com a locomoção repetitiva da companhia para ocupar casas de espetáculos que não ofereciam estrutura favorável para seus trabalhos, por três vezes em sua historia teatral, o teatro, são Pedro foi consumido por fogo, ficando difícil estabelecer um fluxo de movimentação financeira para um lugar fixo, por isso o ator tinha que estar mudando constantemente de sede. Mas seu empenho de empresário não se deixava abalar com isso, e seu tino empreendedor, o fazia ter visão de procura o público.

Em suas locomoções, segundo Lafayete silva (1938) chegou a embarcar para os estado de Pernambuco, Rio Grande do Sul e Bahia, no sul chegou a montar em menos de sete meses, dezessete espetáculos em companhia das atrizes, Gabriela da Cunha e Josefina Dos santos Miró. Em Pernambuco em 1857 foi responsável pela a reabertura do teatro Santa Isabel, que se encontrava, há mais de ano fechado, no recife, estava cercado de amigos e assim nos fala Lafayete Silva:

“Em companhia da Atriz Gabriela da Cunha, trabalhou ali no Santa Isabel (...)a casa que ocupou no recife vivia sempre cheia de amigos e admiradores, alem das pessoas necessitadas que iam apelar para a generosidade de seus sentimentos. Concedeu benefícios para o Hospital Português de Beneficência e para a Associação Typográfica Pernambucana”(LAFAYETE.1938.p.172)

Em pouco tempo a popularidade de Caetano o fez conhecido em todo território nacional, incansável ensaidor, montou inúmeros espetáculos em pouco tempo, que inclusive veio a abranger instituições beneficentes, como a exemplo do Instituo de Surdos-mudos do Rio de janeiro, com o auxilio do médico E. Heut. Neste trabalho montou espetáculo mímico: O Velho Cabo de Esquadra, de D’Ennery e Dumanoir, onde esse mesmo médico viera mais tarde a elogia-lo publicamente pela grandeza de naturalidade da minúcia e o patético. Os atores participantes desta peça eram todos componentes do instituto, por isso é de grande relevância, destacar João Caetano, como um ator a frente de sua época, pois estas ações só começaram a se tornar mais freqüentes no século XX.

Ainda falando de suas viagens, devemos destacar sua ida a cidade de Lisboa, onde a convite da Sociedade dos Homens de Letras, estreou no teatro Normal A Dama de São Tropez, de autoria de Anicete Bourgeois, tendo ao seu lado a companhia de grandes atores portugueses: Teodorico, Pinto de Campos, Delfina do Espírito Santo, Manuela Rey e Emilia Adelaide, que mais tarde veio para o Brasil.

A companhia de João Caetano era composta por artistas que já tinham determinada vivencia nos palcos brasileiros, dentre estes atores nos vem os nomes de Estela Sezefreda, esposa de João Caetano; Luiza Antonia, filha de estela do primeiro casamento e enteada de Caetano, falecida em pleno sucesso em 1847, quando a companhia, estava no auge; João Antonio da Costa, Principal ator da companhia de pois de João Caetano, Antonina Marquelou, atriz jovem que passou pouco tempo na companhia, pois sua chegada, foi próximo a morte do líder; Miguel Arcanjo de Gusmão, tido como auxiliar de Caetano que mais tarde fundaria sua própria companhia junto da sua esposa a atriz Jesuína Montani, que também era atriz de Caetano; Gertrudes Angélica da Cunha, mãe de Gabriela Cunha, ambas atrizes imponentes da Companhia. Estes nomes foram recolhidos de jornais da época pelo pesquisador Lafayete silva, como também citados no livro de João Caetano: Lições Dramáticas.

João Caetano idealizou a figura do ator brasileiro, por isso muitos escritores, como a exemplo de Manuel Macedo o saúda como o primeiro ator brasileiro, como foi falado anteriormente que as companhias que ocupavam os teatros nacionais eram todas formadas pela maioria de atores portugueses e que os atores brasileiros recebiam figurações ou papel menores. Tendo sido um excepcional ator dentro e fora do palco, tornou-se um ícone do teatro brasileiro, pois sua dedicação, nunca foi tão retrato por historiadores, como a figura deste ator representa.

Em sua época as condições do teatro no Brasil eram muito precárias do ponto de vista dos edifícios e também da produção artística. As obras representadas, em sua maioria eram estrangeiras e principalmente de péssima tradução.

Em seu inicio de carreira nosso ícone Caetano, começou do principio totalmente nulo, zero, levando em consideração sua intuição e sua vontade de fazer teatro, e dissipar a imagem do velho ator declamador, a esse respeito nos diz Magaldi: “ durante três décadas, o trágico encarnou no palco, a imagem brasileira do gênio interpretativo” (MAGALDI. .1962.p.59)

A experiência de ator ou ensaidor de seus espetáculos deu a João Caetano condição intelectual para registrar suas reflexões e vivências da arte dramática em livro. Foram duas distintas obras, que tinham objetivo de nortear o trabalho do ator brasileiro na época: Reflexões Dramáticas (1837) e Lições Dramáticas (1862), que segundo Magaldi:

“As lições Dramáticas não enfeixam um método interpretativo. A soma de exemplos citados, porem, confere ao livro um grande interesse, mesmo para os que leram obras mais modernas do gênero”. (MAGALDI. 1962.p.61)

E ainda:

“O intérprete de hoje, versado nos métodos de Stanislavski, não terá por certo muito o que aproveitar, tecnicamente, com os ensinamentos do nosso trágico. A leitura das Lições proporciona, porém, uma visão da realidade do teatro brasileiro, reconhecível também nos dias atuais e por isso de inestimável valia para uma orientação( MAGALDI.1962.p.59)

Em 1860 faz uma visita ao conservatório Real da França, onde voltou influenciado e organizou no Rio de Janeiro, a Escola de Arte Dramática, que tinha seu curso totalmente gratuito, junto a esta ação promoveu a criação de um júri dramático, que destinava premiar as produções nacionais. Essas ações consolidaram seu nome no teatro nacional, pois foram atos inovadores diante da precariedade artística que o pais sofria.

Nas Lições Dramáticas João Caetano relata: “a arte Dramática é a imitação da natureza, e não a realidade dela” (CAETANO. 1937. p12) com esta afirmação se pode traçar semelhança a poética de Aristóteles, pois o principio é parecido, mas segundo Magaldi (1962)

“Acredita-se que João Caetano não tenha tido a ciência do Paradoxo sobre o comediante de Diderot. Em muitos pontos, contudo, suas lições coincidem com as do grande teórico da arte de representar e da psicologia do ator” (MAGALDI.1962.p60)

Décio de Almeida Prado (1975) fala na biografia de João Caetano de fatos que ele cometeu ainda no inicio de carreira, e que estes fatos eram totalmente guiados pela a emoção. Em cena na peça Os seis Degraus do crime Caetano quase enforcou em a protagonista, pois se identificara com o personagem que fazia e desta forma encarnou o ideal do sentimento com muita energia, mais tarde João Caetano Escreve a esse respeito:

“O publico, conhecendo que eu desvairava, levantou-se gritando esbaforido (...) é porque eu tinha 24 anos de idade e a dama 22; é porque eu era zeloso, e parece-me que o meu coração a amava muito mais como mulher do que como atriz. O que eu acabo de expender prova ainda que, quando não se imita, mas se iguala a natureza, perde a arte” (CAETANO. 1937.p.54).

João Caetano dizia que o ator não podia conter as lagrimas, nem fazer concessões e que devia sempre representar para a parte mais instruída da platéia. Em seu deixado literário Lições dramáticas, ele afirma a importância dos silêncios, da respiração certa, das pausas, do cultivo da voz da expressão corporal, da presença de espírito e de todos os elementos que valoriza o ator como o senhor da cena.

Ao descrever suas experiências em Lições Dramáticas(1862) João Caetano vai antecipar aos estudos da arte do ator moderno, o que Stanislavski escreveria mais tarde, a respeito das influências na caracterização da personagem e na criação de um papel. Assim João Caetano profere que o ator tem a necessidade de estudar os tipos na historia e na sociedade, segundo as suas épocas em esses personagens estavam inseridos; consultar obras de pintores e escultores; buscar estudar a estrutura humana, em consideração ao arquétipo corporal; e, sobretudo observa a vida real, pois dela o ator vai nutrisse pra a concepção da arte dramática. Caetano ainda relata a experiência de um papel que realizou em a Gargalhada de autoria de Jacques Arago, onde fazia um doido, e para buscar influencia foi estudar num hospital.

Vale ressaltar que os atores antigos não desenvolviam este tipo de prática. Não era comum os intérpretes pesquisarem o papel com base na função psicologia da personagem. E categoricamente Caetano falava que a decadência do teatro brasileiro se dava pela a falta de escolas dramáticas e ainda segue dizendo:

“Que os atores que ate hoje têm pisado a cena brasileira tem sido sem exceção de um só, ator de inspiração, e, portanto sem método, sem conhecimentos teóricos da arte, sem escola” (CAETANO. 1937.p.42 )

Para ele o teatro bem dirigido e bem organizado deve constituir um verdadeiro exemplo de educação, capaz de inspirar a mocidade, tão como a moralidade e o patriotismo e os bons costumes. Para isso Caetano estava ultrapassando o modelo de um teatro estético e acrescentando um sentido maior e fundamental de uma arte aliada para construção do social. E defendia o patrocínio do governo como mecenato para a produção teatral, sem isso o empresário não conseguia imaginar outra forma do teatro nacional alcançar um padrão de perfeição que os teatros europeus possuíam.

A dificuldade mais relatada por João Caetano era a pressa com se montava os espetáculos, pois como a limitação do publico, não lotava as casas depois da estréia, pois eram as mesmas pessoas que freqüentavam os teatros, assim era preciso montar as pressas outros espetáculos. Para ele era impossível conseguir estudar um personagem em quinze dias, tempo comum de espetáculo para outro, ele comenta:

“Qualquer ator medíocre dos teatros da Europa reproduz o papel como dotado de grande talento, porque o estudou durante três ou quatro meses, e o reproduziu cinqüenta ou sessenta vezes”[1]

Como empresário teatral, João Caetano enfrentou diversos problemas referente a despesas com elenco e estrutura dos teatros, por inúmeras vezes teve que fazer o itinerário entre o teatro são Pedro e o São Januário, pois por três vezes o Teatro São Pedro, pegou fogo, assim João Caetano tinha que mudar constantemente. Apesar de que em determinados momentos foi ajudado por subvenções governamentais, não era suficiente diante de tanta precariedade, um exemplo disso foi a Escola Dramática, que os professores eram pagos da renda própria do empresário, não houve um procura satisfatória de alunos, pois quase ninguém queria ariscar-se num campo inseguro como o teatro, e os alunos matriculados, em pouco tempo estava desestimulamos, pela falta de visualidade que a profissão mostrava.

A sua companhia levou a cena peças que hoje fazem parte da historia nacional do teatro, entre quais muitas foram estréia, principalmente as de Martins pena, Porto Alegre e Joaquim Norberto de Souza e Silva. Sua figura de ator ficou para posteridade é tanto, ele é nossa primeira referencia como ator brasileiro.

Por finalmente devo acrescentar que o homem de teatro João Caetano, não foi apenas um mero artista incrustado na historia, mais sim um defensor de uma unidade de padrão para o teatro nacional da época. E ainda descrevê-lo como um vulto a frente de seu tempo, pois mesmo antes de Stanislavski desenvolver seu método, João Caetano já Utilizava elementos que o Ator soviético descreveria em seu método mais tarde. Nenhum ator de sua época se importava com formação do artista como ele pensou, nem tão pouco na criação de escolas dramáticas. Sua passagem pela cena brasileira foi totalmente satisfatória para influências de atores posteriores. Dessa forma podemos individualizar nos registros de teatro no Brasil um capitulo particular sobre a arte do ator através de João Caetano

Referências:

CAETANO. João. Lições Dramáticas, ed Eldorado, 1937, Rio de Janeiro.

MAGALDI. Sábato, Panorama do Teatro Brasileiro, DAC-teatro,1962, Brasília DF.

PRADO. Décio de Almeida, João Caetano, Perspectiva, 2ºed, 1975, São Paulo

SILVA. Lafayete, Historia do teatro Brasileiro, Min.educação e saúde, 1938, Rio Janeiro.

www.g.caetano\tatrobr.htm. acessado as 10:30hs do dia20/02/2008