segunda-feira, 18 de abril de 2011

OFICINA DE TEATRO PARA INICIANTES.

INTERPRETAÇÃO E IMPROVISAÇÃO

A Oração (adaptação de Nilton Santos)

Trecho da peça a oração de Fernando Arrabal (13/03/11)

Cenário: um ambiente qualquer.

Fando: a partir de hoje seremos bons e puros.

Lis: o que houve?

Fando: eu te digo que a partir de hoje seremos bons e puros.

Lis: nós?

Fando: sim!

Lis: não poderemos (em desanimo)

Fando: é...tens razão...tentaremos!

Lis: como?

Fando: obedecendo as leis do senhor.

Lis: eu já não me lembro mais.

Fando: eu também não.

Lis: como faremos então?

Fando: para saber o que é o bem e o mal?

Lis: sim.

Fando: (tira uma bíblia do bolso) eu comprei uma bíblia.

Lis: isso é suficiente?

Fando: sim, sim, isto é o suficiente.

Lis: assim não nos chatearemos como agora, leia um pouco do livro.

Fando: a bíblia?

Lis: sim.

Fando: Deus disse “ faça-se a luz” e a luz se fez, e viu deus que a luz era boa, dividiu a luz das trevas e chamou a luz de dia... e as trevas de noite, assim fez o primeiro dia. Então o eterno deus formou o homem do pó da terra... Soprou em suas narinas e o homem tornou-se um ser vivo... Então o eterno deus fez cair um pesado sono sobre o homem... e este adormeceu. Tomou então, uma de suas costelas e fechou o lugar com carne, e da costela que tomou do homem formou a mulher

(os dois se abraçam)

Lis: poderemos dormir juntos como antes?

Fando: (triste) não!

Lis: coisa mais complicada essa, a bondade! (empurra ele)

Fando: (tenta se aproximar)

Lis: poderei mentir?

Fando: não.

Lis: nem sequer uma mentirinha?

Fando: não, nem sequer.

Lis: e roubar laranjas?

Fando: não.

Lis: então não nos divertiremos mais no cemitério como antes.

Fando: não...sim,sim, por que não?

Lis: e poderemos furar os olhos dos mortos como antes?

Fando: (dá as costas para lis) não... isso não.

Lis: e matar?

Fando ( suspense, ri) matar...não.

Lis: vamos deixar que eles continuem a viver?

Fando: lógico.

Lis: pior pra eles.

(os dois gargalham loucamente)

fando: não te dás conta do que é precisa para ser bom?

Lis: não! E tu?

Fando: não muito bem, mas, eu tenho o livro, assim saberei.

Lis: sempre o livro.

Fando: sim o livro!

Lis: e o que acontece depois?

Fando: iremos para o céu.

Lis: e que faremos lá?

Fando: nos divertiremos

Lis: sempre?

Fando: sim

Lis: (com Raiva) não acredito!

Fando: sim,sim, é possivel

Lis: por que?

Fando: porque deus... É todo poderoso. Deus faz coisas impossíveis, faz milagres. E da maneira mais simples.

Lis: eu no seu lugar faria a mesma coisa.

Fando: escuta o que diz a bíblia: “levaram um cego a Jesus e o rogaram que o tocasse, Jesus tomando o cego pelo o braço, levou-o o cego para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva nos olhos e posando-lhe as mãos, perguntou: vês alguma coisa? E o cego lhe respondeu: vejo os homens como árvores que andam. Então Jesus a por as mãos sobre os olhos do cego e ele ficou curado, de sorte que via tudo distintamente.

Lis: como é bonito!

Fando: e ele dizia que era preciso ser bom, por isso seremos bons, que era preciso sermos como crianças.

Lis: é difícil.

Fando: tentaremos, seremos como anjos!

Lis: como os bons ou como os outros.

Fando: não, os outros não vão para o céu, os outros são demônios, eles vão pra o inferno

Lis: o que eles fazem lá.

Fando: eles sofrem... muito, eles ardem.

Lis: não vejo nada de novo.

Fando: ah não, não, esses anjos são maus, eles se revoltaram contra deus.

Lis: por quê?

Fando: por orgulho. Eles queriam ser mais que deus

Lis: eles exageraram

Fando: nós nos contentaremos com muito menos.

Lis: com muito menos.

(tempo)

Lis: então eu quero começar a ser boa agora mesmo.

Fando: então começaremos agora mesmo.

Lis: assim sem mais?

Fando: sim

Lis: assim ninguém vai notar

Fando: deus notará.

Lis: está seguro?

Fando: sim! Deus vê tudo.

Lis: mesmo quando eu faço pipi.

Fando: sim, sim até isso.

Lis: de agora em diante terei vergonha. (tempo) fando...e o que nós fizemos antes?

Fando: o que nós fizemos de mau?

Lis: sim.

Fando: teremos que nos confessar

Lis: tudo?

Fando: sim, tudo!

Lis: e também que me despes para que teus amigos durmam comigo?

Fando: sim, também isso

(lis tem uma crise de gritos)

Lis: e também que nós matamos...

(blacaute)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

OFICINA DE TEATRO PARA INICIANTES - HISTÓRIA DO TEATRO

A ARQUITETURA DO PALCO À ITALIANA

A) Pano de Boca: Grande tela pintada, movimentada no sentido vertical que cobre e descobre a boca de cena no final e início do espetáculo. Hoje em dia o termo é usado como sinônimo de cortina.

B) Bambolina-Régia: Nome dado à bambolina que acompanha o Pano de Boca. Ou seja, a primeira tira de pano que liga a primeira "vara".

C) Perna: Nome dado ao bastidor que é feito apenas de tecido, sem moldura. As pernas, colocadas sucessivamente, a intervalos regulares, nas laterais do palco, pendem do Urdimento até o chão. Servem para delimitar o espeço cênico ao mesmo tempo que para esconder da vista do público tudo o que não faz parte da cena.

D) Bambolina: Tira de pano embabadada, geralmente de cor preta, que atravessa o Palco no sentido longitudinal, ligando a parte superior das "varas" (que suportam os refletores). As bambolinas, colocadas, sucessivamente, em perspectiva, da frente para o fundo do palco, sevem para esconder o "Urdimento" da vista do público, favorecendo, assim, a criação da ilusão.

E) Urdimento: Em termos gerais, nome dado à parte da caixa do teatro localizada acima do palco. Especificamente, grade de madeiramento resistente que se estende sobre toda a área do palco, acima deste, e que serve de apoio para toda operação de funcionamento dos efeitos cênicos.

Palco Italiano